Aumento de notícias falsas faz crescer a confiança do brasileiro na mídia

Rafael Petermann

Rafael Petermann

Em tempos de alto consumo de informação em diversos canais, o brasileiro ainda é um dos povos que mais confiam na mídia. Segundo a pesquisa anual do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, divulgada recentemente. O Brasil obteve o segundo melhor índice de confiança entre os pesquisados, 60%, atrás apenas da Finlândia, com 62%.

O estudo do Instituto Reuters revela outros acertos dos publishers brasileiros – entre eles, o investimento em material jornalístico relevante e de qualidade, o combate às notícias falsas e tendências similares às verificadas em países em situação econômica mais equilibrada que a do Brasil. A principal delas é o fato de os smartphones terem ultrapassado os computadores como o canal principal para busca buscar notícias.

No país, onde o levantamento ficou restrito às áreas urbanas, o uso de smartphones para ler notícias chegou a 65%.

Redes sociais perdem espaço

O Facebook e Google ainda são os canais mais acessados pelos brasileiros para buscar notícias. Porém nessa pesquisa a maior parte das redes sociais sentiram os reflexos negativos da proliferação de notícias falsas. O Facebook vem perdendo espaço em diversos lugares, inclusive no Brasil, onde chegou a recuar 12%. Em contrapartida, registrou o estudo britânico, aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, têm ganhando a preferência dos usuários.

O pesquisador responsável pelo levantamento, Nic Newman, ex-BBC, sublinhou, de acordo com a Folha de S.Paulo, dois motivos para a popularização desses aplicativos: são “mais privativos”, permitindo compartilhar sem constrangimento, e “não filtram [conteúdo] por algoritmo”.

O Brasil também é um dos países onde mais se compartilham notícias: 64%, empatado com o Chile. Argentina e México vêm logo atrás, com 63%. Alemães e japoneses são os que menos promovem compartilhamentos, ficando com, respectivamente, 18% e 13%.

O Jornalismo no combate às notícias falsas

Os produtores de conteúdo também levam vantagem em relação às mídias com base em tecnologias no que diz respeito ao combate às notícias falsa. Segundo a pesquisa, 40% dos entrevistados consideram que as empresas de mídia fazem um bom trabalho em separar fatos de boatos, número que cai para 24% quando a mesma pergunta é feita sobre os esforços das redes sociais em distinguir as notícias falsas das verdadeiras.

“Nossos dados qualitativos sugerem que os usuários sentem que a falta de regras e o uso de algoritmos estão encorajando a baixa qualidade e o avanço das fake news”, diz o estudo, que aponta ainda o esforço das empresas de comunicação em combater as notícias falsas, inclusive no Brasil. A pesquisa cita o jornal O Globo e do portal G1 como companhias com equipes para investigar a veracidade das notícias publicadas na internet e dos boatos que ganham força nas redes sociais.

Conteúdo pago

Ao abordar o sistema de Paywall, o estudo – elaborado com base em pesquisa quantitativa realizada pela YouGov em janeiro e fevereiro de 2017, com questionário online, e em grupos de discussão realizados pela Kantar Media – salientou ser esta uma opção de um número maior de jornais brasileiros, que também passaram a investir mais em suas edições eletrônicas.

A pesquisa lembrou que, em agosto de 2016, a Folha de S.Paulo anunciou que a sua circulação digital tinha superado a da edição impressa. No entanto, pondera o estudo, a porcentagem (22%) de brasileiros que disseram pagar por informação online permaneceu estagnada entre 2015 e o ano passado.

A propagação do sistema de Paywall e o foco principal nas edições digitais em 2016 são um contraponto à queda nas circulações impressas no Brasil. A distribuição impressa média dos cinco maiores jornais brasileiros, diz a pesquisa, caiu quase 8% em 2016 quando comparado com o resultado de 2015. Ao mesmo tempo, diz a pesquisa, o investimento de publicidade online cresceu 26%.

Percebe-se com esse estudo que conteúdo de qualidade, com informações verificadas, aliado a tecnologias como um portal com design responsivo, que facilite a experiência de consumo do usuário é um grande passo para monetizar conteúdo e manter o leitor realmente engajado e disposto a pagar por informação de qualidade.

Fontes: ANJ e portal Gazeta Online.

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